A pergunta sobre a felicidade acompanha a humanidade desde o seu alvorecer. O filósofo Aristóteles refletia, já na antiga Grécia, que a felicidade era o maior bem que os homens podem almejar. O cristianismo, seguindo a vida de Jesus, ofereceu sua resposta pregando o amor ao próximo como meta principal na busca da vida feliz. Em nossos tempos o tema continua a ser incessantemente debatido. As redes sociais são um “lugar” interessante para observar esse fenômeno. Raramente alguém “posta” uma foto se não estiver sorrindo.
A busca insaciável de bens materiais, não obstante sua importância, denuncia a sociedade do hiperconsumo, que deposita a felicidade no ter em detrimento do ser. Todavia, o ser humano, como dizia o filósofo alemão Martin Heidegger, é um projeto inacabado e transcende continuamente sua existência, pois nada o aprisiona. De acordo com essa tese, se por acaso houvesse um momento no qual fosse possível obter a plena felicidade logo haveria uma insatisfação social.
O filme “Matrix” aborda essa questão. As máquinas criaram para o ser humano um mundo perfeito, mas eles não aceitaram justamente porque tudo era maravilhoso, não havia dor. Diante disso, é importante ponderar que a felicidade se dá em momentos pontuais e tentar evitar o sofrimento por medo de perder um suposto estado contínuo de felicidade conduz a uma angústia cada vez mais profunda.
Ser feliz não significa ausência de dor, pelo contrário, na vida quem não souber acolher aquilo que não lhe agrada está condenado a um sofrimento infindável. Não é esse o dilema de nossa sociedade? Há um apelo constante para a felicidade como se fosse possível tê-la infinitamente. Todavia, o fundamental é o equilíbrio: nos momentos felizes vivê-los intensamente e nos momentos de tristeza saber que tudo passa; do mesmo modo que o estado de felicidade vem e vai também ocorre o mesmo com a tristeza.
A pergunta: ‘você é feliz?’ Revela os dilemas de nossa existência e o mais importante não é buscar uma felicidade que não passa, mas saber regozijar-se enquanto ela está presente e aceitar os momentos de sofrimento, pois ambos fazem parte do ciclo de nossa breve existência.
Angelo José Salvador
Graduado em Filosofia pelo Centro Universitário Católico de Vitória – ES. Pós graduado em teologia bíblica pela Faculdade São Bento – RJ. Mestre em filosofia da religião pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
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